sexta-feira, 30 de abril de 2010

Hartung: 'Vou entrar na campanha de Ferraço'




Um dia após a nova guinada no tabuleiro político a partir da saída do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) da cabeça de chapa ao governo estadual para concorrer ao Senado, dando lugar ao senador Renato Casagrande (PSB) como candidato governista ao Palácio Anchieta, o governador Paulo Hartung (PMDB) anunciou que entrará na campanha de Ferraço. Disse ainda que até se licenciaria para ajudar o vice.


"Vou entrar na campanha de Ricardo (Ferraço) como se fosse a minha. Vou rodar, vou andar com ele. Ele precisa do meu suporte", salientou o governador, em entrevista exclusiva para A GAZETA. Na última quarta-feira, em uma coletiva de imprensa, Hartung anunciou, ao lado de Ferraço e Casagrande, apoio ao vice-governador e ao senador na corrida eleitoral, em um ambiente marcado por aparente desconforto e surpresa política. A expressão de Ferraço na ocasião, sem esboçar sorrisos e com voz aparentemente embargada, dava o tom do evento.

Em raro momento de posicionamento explícito em eleições - ele atravessou as duas últimas campanhas presidenciais, por exemplo, sem subir em palanques -, o governador evidenciou disposição de assumir papel preponderante na eleição de Ferraço. "Vou colocar minha cara na reta. Vou pedir aos meus amigos e a todos que me acompanham na minha trajetória para fazer isso também", declarou.

O governador frisou querer vitoriosa a campanha de Ferraço. "Vou rodar em fim de semana e, se preciso, até me licencio para entrar na campanha", argumentou. Hartung já lançou mão de licença do cargo em 2006, às vésperas das eleições, para apoiar Casagrande e seguir com ele em corpo-a-corpo pelas ruas. O socialista concorria contra o ex-governador Max Mauro (PTB).

Saída inesperada

A saída inesperada de Ferraço do páreo, depois de construir alianças com partidos, prefeitos e vereadores, não significaria dúvida de Hartung sobre a capacidade do vice, conforme destacou. "Do mesmo jeito que tinha certeza que ele (Ferraço) seria excelente substituto no governo, acho ele excelente representante do Estado no Senado".

Embora o governador e o senador neguem, o remanejamento na chapa majoritária ocorreu após uma reunião de Casagrande e Ferraço com Lula, na terça-feira. O recuo faria parte dos acordos estaduais que levaram Ciro Gomes (PSB) a sair do páreo. No novo bloco palaciano, entretanto, a versão é de que o PT nacional estaria pegando carona nessa interpretação para agradar o PSB.

Lelo atua como bombeiro para evitar "brigas" no PMDB

Presidente do partido que deixou de ter um candidato ao governo do Estado para pleitear uma cadeira no Senado pela chapa palaciana, Lelo Coimbra diz que, a partir de agora, vai reunir as lideranças do PMDB para esclarecer as mudanças no cenário político e evitar divergências.

"Queremos que este processo nos torne amadurecidos e que não seja uma briga de todos contra todos", destacou Lelo.

O deputado afirmou que a legenda tem o desafio de manter sua participação nas bancadas estadual e federal. Hoje o PMDB possui três deputados federais, cinco estaduais e um senador.

Na tarde de ontem, a deputada Rose de Freitas (PMDB) reuniu, em sua casa, 22 prefeitos capixabas. Em pauta, as dúvidas sobre a sucessão estadual. "Os prefeitos estavam confusos e inseguros. Foi uma mudança muito brusca", comentou Rose. O vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB), que agora concorre ao Senado pela chapa governista, participou do encontro por cerca de meia hora.


PPS e DEM recorrem à lei da gravidade

Ainda sob o impacto dos novos rumos que a política capixaba tomou na última quarta-feira, siglas que antes manifestavam simpatia à pré-candidatura de Ricardo Ferraço (PMDB) agora evitam explicitar para qual lado caminharão na disputa eleitoral. Até mesmo quem antes defendia ponderações e tempo para a tomada de decisões - caso do DEM e do PPS, por exemplo - agora recorre à "lei da gravidade" para justificar silêncio.

Enquanto, no panorama nacional, a aliança DEM-PPS já declarou apoio à candidatura de José Serra (PSDB) à presidência da República, no Estado os dirigentes dos partidos são reticentes e preferem aguardar "o abaixar da espuma" - expressão usada por Luciano Rezende (PPS) para explicar a posição do partido.

"A decisão de ontem modifica muita coisa. Não vamos, por gravidade, a lugar algum", ponderou Rezende, em referência a um possível apoio da sigla à pré-candidatura do tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas ao Palácio Anchieta.

Líder do Democratas, o deputado Elcio Alvares também fez alusão à atração gravitacional para defender o silêncio da sigla. "Já fomos procurados por algumas legendas, tivemos uma longa agenda de reuniões hoje (ontem), mas queremos a convergência".

Coordenando as articulações do DEM, o vereador de Vitória Max da Mata afirmou que o partido se aliará à chapa que corresponder ao projeto da aliança democrata-socialista. "Temos um objetivo certo, que é eleger nossos deputados estaduais e federais. DEM e PPS não são objetos. As chapas não podem achar que caminharemos apenas para somar tempo em televisão", pontuou o vereador.

O suspense sobre eventual apoio na sucessão estadual também está sendo usada pelo PP. Segundo Nilton Baiano, o diretório estadual se reúne na próxima semana para discutir o assunto.

Como era a campanha

Fila. No início das costuras, em 2007, Ricardo Ferraço foi citado pelo governador Paulo Hartung como número um na fila sucessória ao governo, que de vários nomes passou a ter cinco.

Governo. Desde então, o vice reforçou papel ativo na gestão e nas ações estratégicas do governo, estreitando laços políticos. Coordenou programa de R$ 1 bilhão de investimentos.

Saída. Em 2008, o vice rompeu com seu partido, o PSDB, depois de sair à rua apoiando João Coser (PT) à Prefeitura de Vitória. Logo depois, em 2009, o petista retirou seu nome da disputa ao governo declarando apoio antecipado a Ferraço.

pmdb. A filiação de Ferraço ao PMDB, sigla de Hartung, em abril de 2009, teve festa e clima de lançamento do vice ao governo.

Festa. Em agosto de 2009, sete prefeitos da Grande Vitória abraçaram campanha de Ferraço em um almoço com o vice.

Apoios. Desde então, Ferraço manteve encontros com prefeitos e vereadores e conquistou apoio explícito de deputados. Apesar de resistências internas, conseguiu o apoio do PT depois de uma série de encontros e deliberações.

Bloco. Ferraço formou bloco de apoio com PT, PMDB, PDT, PR, PV, PP, PHS e PTC, e articulou em Brasília. No dia do "fico", Hartung almoçou com os 78 prefeitos e levou Ferraço, que pediu empenho dos prefeitos na campanha de Dilma.

TV. Este mês, Ferraço foi a estrela no horário eleitoral do PMDB na TV. Ele se reuniu com ex e atuais prefeitos da sigla.

Fonte: Gazeta On line

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